Pular para o conteúdo principal

Postagens

dramas utopianos

thomas more, visconde de londres? sem chance. vou de subxerife ou de juiz [de primeira instância]. mas veja-se o problema: xerife, sheriff , naquela época na inglaterra (século 16) era tipo um funcionário público nomeado pelo rei para cuidar de determinada jurisdição, basicamente para questões judiciais e manutenção da ordem e segurança pública (acho que seria mais ou menos o que hoje chamaríamos de secretário da justiça ou da segurança pública, algo meio por aí, mas um pouco mais abrangente). o xerife tinha lá seus ajudantes diretos, não sei quantos - devia depender do tamanho da cidade, claro - que eram os subxerifes, undersheriffs , que atuavam nos tribunais daquela jurisdição como representantes legais do xerife. thomas more (que era advogado, e bom advogado, desde jovem) a certa altura da vida foi nomeado para essa função de undersheriff . mas aí, numa longa história que agora não vem ao caso, uns anos depois ele foi escolhido para acompanhar um cara importante (o segund

questões de tradução

mais um interessante artigo de ana cláudia romano ribeiro sobre várias questões de tradução da utopia : "traduciendo el libro II de utopía al portugués brasileño", disponível aqui .

leandro cardoso falando de sua tradução

encontra-se na revista morus - utopia e renascimento um interessante artigo de leandro dorval cardoso falando de sua tradução da utopia . disponível aqui .

artigo no suplemento pernambuco

o suplemento pernambuco publicou um breve texto meu sobre a identidade de "luiz de andrade", o tradutor da primeira versão brasileira da utopia.  está disponível aqui .

checagem de fontes: uma justificativa

uma coisa que eu queria expor um pouco: alguém pode achar que isso de checar atribuição é procurar pelo em casca de ovo. por exemplo, que qualquer mínima relevância tem que "luiz de andrade" aparecesse como "luiz de carvalho paes de andrade" na catalogação da usp? um pequenino lapso, tudo bem, só isso. vide a questão aqui . é que as coisas costumam se compor dentro de um quadro maior. e minha questão é que, na extensa pesquisa que estou fazendo sobre a editora athena em sua fase heroica, digamos assim (1935-1939), vem-se configurando um conjunto de elementos unidos por certa coerência própria. por exemplo, evidenciou-se que um traço definidor da athena era operar como uma espécie de rede de apoio, inclusive de subsistência, para militantes e perseguidos políticos, sobretudo trotskistas, durante o estado novo. na prática, isso significava, entre outras coisas, fornecer trabalho constante - em particular de tradução - para os intelectuais perseguidos pelo regim

rafael bom-papo

encontrei uma interpretação de hythlos  que vai menos no sentido de lorota, invencionice, história de pescador, e mais no sentido de conversa à toa, aquele papo de horas sobre qualquer coisa. mas, se entendo bem, não é que conversa à toa vise necessariamente ao prazer - ao conhecimento não visa, claro; ficar falando disso e daquilo é mais para passar o tempo. e, se o cara leva jeito para a coisa, acaba sendo mesmo um papo agradável. richard halpern, the poetics of primitive accumulation -  english renaissance culture and the genealogy of capital (p. 142) sobre rafael loroteiro, vide aqui .

ironia

uma tese muito interessante: a ironia em a utopia de thomas more - ideologia e história , de cláudio stieltjes, disponível aqui . aliás, muito instigantes as considerações sobre o bobo da corte.

recursos sonoros

um artigo muito interessante de ana cláudia romano ribeiro: "traduzindo os recursos sonoros do livro I da utopia para o português do brasil". disponível aqui .

um breve esclarecimento

em seu interessante artigo "por uma nova tradução de utopia ", aqui , márcio meirelles gouvêa júnior comenta que o conjunto de "imperfeições, omissões, confusões ou falhas, grandes ou pequenas" das traduções anteriores foi o motivo decisivo que o levou a empreender uma nova tradução. para ilustrar sua afirmação, detém-se particularmente sobre a de luiz de andrade, publicada pela athena editora em 1937: "O texto, cuja orelha do livro permite uma frágil e imprecisa suposição de que talvez tenha sido traduzido originalmente do latim, sem contudo qualquer comprovação ou indicação precisa seja do autor seja do editor, parece ter tido como escopo tradutório a tentativa de facilitar ao máximo a versão final para o leitor, de tal maneira que à concisão e à elegância do texto latino de More corresponderam muitas vezes as verborrágicas paráfrases explicativas no português da virada do século XX, dotadas de uma coloquialidade de certo modo estranha ao texto original.

hitlodeu, o loroteiro

imagem aqui o artigo da elizabeth mccutcheon que indiquei aqui parece-me bastante importante: na interpretação do papel de rafael hitlodeu, segundo a autora, é muito mais relevante o nome rafael do que o sobrenome (ou será cognome?) hitlodeu - loroteiro, enrolador, que fica falando bobagem etc. rafael, em suas várias atribuições simbólicas e concretas, acaba parecendo uma espécie de cassandra. até pode dizer a verdade, até pode indicar o remédio, o caminho da cura e da salvação, mas a impressão que dá é como se hitlodeu fosse um apodo externo, uma alcunha dada por outrem. "ah, esse cara está sempre inventando histórias." mccutcheon não desenvolve esse ponto, mas seria a ilação lógica da coisa, que ela menciona apenas de passagem: rafael sendo hitlodeu, a utopia descrita por ele não passa de uma " tall traveller-tale ", uma baita lorota, conversa de pescador, como dizemos nós. o que me pergunto é: ele se chama ou os outros o chamam hitlodeu? seria aí como

ufa

eu tinha ficado encafifadíssima com uma indicação que vi em alguns artigos sobre nossa primeira tradução brasileira de  utopia , de 1937. segundo essa indicação, o tradutor luiz de andrade (como vinha grafado na época, posteriormente substituído por "luís") seria o engenheiro pernambucano luiz de carvalho paes de andrade (1814-1887). por várias razões que não vem ao caso expor aqui, a coisa não fazia o menor sentido para mim. fui atrás. bom, após algumas consultas, descobri que a origem exclusiva da referência era a ficha catalográfica da obra registrada no sistema dedalus, da usp. escrevi para lá, pedindo que me informassem de onde haviam extraído aquela bendita informação de que luiz de carvalho paes de andrade (o qual, até onde sei, jamais traduziu uma única linha) teria sido o tradutor de utopia (a qual, até onde sei, jamais fora publicada no brasil antes de 1937, muito menos no século XIX). claro que não comentei nada disso em minha consulta. apenas pedi a fo

márcio meirelles falando de sua tradução

encontra-se na revista morus - utopia e renascimento  um interessante artigo de márcio meirelles gouvêa júnior falando de sua tradução da utopia . disponível aqui .

no brasil: a revista morus

no brasil, temos a fabulosa iniciativa de carlos berriel, a revista morus - utopia e renascimento , coeditada por   ana cláudia romano ribeiro e  hélvio moraes. pode ser consultada aqui .

baker-smith falando de sua tradução

um artigo indispensável: on translating more's utopia, de dominic baker-smith, disponível aqui .

rafael

a fortuna crítica de utopia  é imensa, densíssima, praticamente não temos nem como fazer ideia. então, aos poucos, vou pegando uma coisinha aqui, outra ali. e entre os infindáveis deslindes, encontrei um muito interessante, de elizabeth mccutcheon (que está entre os principais estudiosos contemporâneos de more), sobre a figura de rafael: thomas more, raphael hythlodaeus, and the angel raphael , aqui , com acesso livre para leitura online.

as distopias brasileiras

infelizmente, também existem fraudes de tradução da utopia no brasil. uma delas é a edição publicada pela rideel, atribuindo-a ao nome de heloísa buratti, que apresentei aqui . outra é a edição publicada pela martin claret, atribuindo-a ao nome de pietro nassetti. a esse respeito, ana cláudia romano ribeiro alerta em seu artigo "as traduções brasileiras de a utopia de tomás morus", disponível aqui :"Na edição da Utopia  publicada em 2004 pela Martin Claret lê-se na primeira página: 'Tradução: Pietro Nassetti'. Na edição de 2008, temos 'Tradução e notas: Maria Isabel Gonçalves Tomás'. A edição de 2004, porém, reproduz ipsis litteris o texto da tradução de Maria Isabel Gonçalves Tomás, cuja tradução da Utopia foi publicada pela portuguesa Publicações Europa-América". esse caso da martin claret é tanto mais grave pois a edição espúria começou a ser lançada em 2000, com reedições praticamente anuais até 2008, quando parece ter-se conv

as utopias brasileiras

depois da tradução de luiz de andrade, lançada pela athena em 1937, que comentei aqui , somente em 1980 sai outra. essa nova tradução foi feita por anah de melo franco [ana guilhermina pereira de melo franco], com apresentação de seu marido afonso arinos de melo franco. unb/ipri, edição de 2004 ela saiu pela editora da unb, em sua coleção clássicos ipri. também foi vertida do francês, na tradução de paul grunebaum-ballin a partir do neolatim (1935). a tradução de anah de melo franco foi reeditada pela unb em 2004, acrescida de um prefácio de joão almino. encontra-se disponível para download aqui . em 1993, a martins fontes publica a tradução de jefferson luiz camargo e marcelo brandão cipolla, na edição cambridge de logan e adams. foi revista e ampliada em sua terceira edição, em 2009, pela wmf. wmf, edição de 2009 em 1997, sai pela l&pm a tradução de paulo neves. informa a editora que foi feita a partir do francês, mas não sei qual foi a edição adotada. l&am

utopia no brasil

temos a primeira tradução brasileira da utopia  em 1937, pela athena editora. foi feita por luiz de andrade* a partir do texto em francês, que fora vertido do neolatim por victor stouvenel (1842). essa tradução de luiz de andrade (grafado como "luís de andrade") continua em viva circulação: depois de várias reedições na athena, passou pela ediouro, pela coleção "os pensadores" da abril cultural e da nova cultural, pela escala e a edição mais recente creio que é pela edipro. encontra-se disponível aqui , embora sem os créditos de tradução. * não me surpreenderia se "luiz de andrade" fosse pseudônimo. voltarei ao tema. em que pese o "moore" em vez de more na capa, é uma tradução agradável e fiel à versão de stouvenel, a qual, porém, é um tanto enxuta em relação ao original (disponível aqui ).

a pedra fundamental

hoje colocamos a pedra fundamental: para o gentílico, ficamos com utopianos. veja-se o plebiscito feicebuquiano  aqui .

a que vem

nesses dias começo a tradução da utopia  de thomas more,  nessa última edição da penguin, em tradução de dominic baker-smith.  a ideia é registrar aqui nesse blog de acompanhamento  questões curiosas, dilemas tradutórios, materiais diversos.